Dia 11 - Puerto Natales - Rio Gallego km: uns 500km com guincho e socos
Hoje sem duvida foi o dia com mais surpresas desagradáveis da viagem, para se ter uma idéia acabou na delegacia da policia de Rio Gallego. Parece coisa de novela, mas vamo la. Logo que sai de Puerto Natales a moto estava um espetáculo, bem reguladinha, eis que resolvi ir a Rio Gallego pela Ruta 40 de ripio, aprox 250km de ripio. Passei a aduana do Chile fiz todos os trâmites. O próximo passo eh fazer a aduana argentina para registrar a entrada. A distancia entre as duas eh de aproximadamente 3km, eis que no meio do caminho justamente quando eu estava ajustando a musica sai uma lebre do mato, dah duas puladas na frente da moto e volta, só ouvi o "tumm" e vi a lebre dando duas piruetas no asfalto. A bichinha terminou de dar as duas piruetas e saiu correndo meio torta pro mato, apavorada que nem eu. Passado o susto e recuperado as forcas das pernas continuei a viagem com destino ao ripio. Depois de 50km de ripio ruim e somente 1 caminhao visto em uma hora, percebi que não estava fazendo uma coisa muito inteligente, ainda mais que a chuva estava por vir e os primeiros pingos começaram a aparecer no capacete. Ainda faltariam 200km de ripio. Considerando que a correia não estava nas melhores condições coloquei o rabo no meio das pernas , fiz a volta e fui pelo asfalto. Chegando em La Esperanca, sai um pouco da rota para tirar uma foto legal da estrada que tinha passado no dia que fui a El Calafate. Nesse trajeto de uns 100km ida e volta a correia voltou a incomodar. Tive que parar para apertar e seguir viagem. Quando estava voltando a 4km antes da policia a correia quebrou, que susto. Fiquei tentando resolver mas vi que não ia ter solução. Parei o próximo carro, de uns alemães e tive q pedir em inglês para avisar a policia para que me ajudassem. Esperei uns 40minutos ate que apareceu uma S-10 com dois milicos. Eu ja estava com minha corda pronta para rebocar a moto ate a vila, que consiste em um posto de combustivel, uma pousada e o posto policial. Chegando la falei com o seguro e me sugeriram pegar um guincho para depois ser reembolsado. A policia sugeriu um guincho de conhecimento deles por 1700 pesos, algo como 800 reais para fazer 150km. Negociei por 1500 e mandei ver, não tinha alternativa, ele iriam cobrar o que quizessem. Precisava chegar ate Rio Gallego aonde já estava tudo negociado com a transportadora que eu iria enviar a moto para Buenos Aires por caminhao afinal nao ia de jeito nenhum passar pela regiao de Comodoro Rivadavia denovo por causa dos ventos fortes. Pois bem, 5 minutos depois aparece um caminhao caçamba no posto e o policial vai ate la para pedir se não tem como levar a moto para mim. Se acertamos pela metade do preço. Antes de sair disse pro policial lembrar de cancelar o guincho. Achamos um lugar para carregar a moto e pau na mula. O motora foi mostrando as fotos do inverno, neve total, muitos "causos". Cheguei na transportadora, baixamos a moto, assinei os papeis, paguei o frete e quando estava quase saindo aparece um gordo fdp de 2m x 2m dizendo que eu deveria pagar ele. Ele era o dono do guincho e pelo o q entendi ele foi ate o lugar me buscar, ou seja, a policia não havia ligado para ele pra cancelar o guincho. Quando comecei a explicar o caso vejo uma mão vindo na minha direção. O fdp enfiou um soco com tudo no meu rosto, bem no olho, com óculos e tudo. Cai na hora e o fdp ainda me deu um chute do rosto e foi embora. Na hora achei q tinha quebrado alguma coisa, pq doeu muito, estava sem reacao pois não estava esperando isso obvio, mas foi "só" o óculos,a cara vermelha e um esfolao no rosto (espero que não fique roxo pq tenho casamento do meu irmao daqui 1 mês). Mas o cenário era de guerra, sangue por todo escritório da transportadora, o pessoal apavorado e eu também porque não tinha entendido nada. Depois que "liguei os pauzinhos". O que me deu mais raiva eh q eu nao tinha nem o q eu fazer pq na hora eu tava cheio de coisa nas maos, tipo celular, jaqueta, etc...Eu ia ir de taxi pro aeroporto tentar pegar um vôo. O cara da transportadora me levou ate la pedindo desculpa que os argentinos não sao assim, isso e aquilo. Agradeci e tentei achar um vôo. Todo aeroporto estava fechado pq já tinha saído todos os vôos do dia. Peguei um taxi ate o hotel e fui fazer a "denuncia" na policia. Vão chamar ele para prestar depoimento e impedir que ele saia da cidade ate não ser julgado o caso, isso pelo menos eh o que me disseram. A passagem pro Brasil esta comprada para amanhã e a moto vai de caminhao para BsAs, uma hora dessas vou pegar a moto la. Mas assim se encerra essa historia e com duas conclusões importantes: aqui também não se pode confiar 100% na policia e a outra eh q aqui se bate sim em pessoas de óculos. Agradeço muito a minha "nega veia" que me autorizou e me deu forca para mais essa viagem, a minha família e amigos que me deram apoio e principalmente a Deus que cuidou de mim. Ate a próxima!
Obs.: e o Guincheiro? Por algum tempo ele vai receber algumas ligacoes pra fazer alguns resgates fantasmas no meio do nada.
Voltando pra Argentina
O socorro ate a policia -- 4km puxado na corda
O socorro ate Rio Gallego
O socorro ate Rio Gallego
Pampas Argentinas
Pampas Argentinas
Ripio -- tem de tudo...do bom e do ruim
Ripio e mais ripio
Ruta 40
Corrente quebrada
Corrente quebrada
No meio do nada